Foto do casarão, o Ipê não aparece ai, esta é
visão que se tinha lá debaixo da árvore, junto
a porteira
Era lindo, robusto, frondoso e estavam enraizadas bem em frente ao casarão, as margens da estrada que trazia os viajantes, os caminhantes, as comitiva que retornavam conduzindo centenas de cabeças de gado.
Em seu tronco estava a base de uma porteira que separava as duas pastagens, a do leste que tinha como cenário de fundo o morro da onça e a do oeste, aos fundos da fazenda, a estrada dos Maias que cortava o morro de vegetação rasteira e coberto de algumas pedras em forma de laje cravadas na terra.
O velho ipê parecia mais um guardião que ali permanecia desde os tempos de vovó criança, do vovô Abílio abrigando e alegrando as novas gerações com sua imponência, sua beleza.
Toda primavera tingia-se de amarelo, exibindo suas abundantes flores amarelas.
O solo ficava todo tingido de amarelo mais parecendo um tapete com as flores que caiam diariamente e mesmo assim os seus galhos continuavam vestidos de amarelo ouro.
Geralmente vinha da cidade algum tio avô visitar vovó e deixava seu automóvel lá debaixo do Ipê. Todos eles tinham o mesmo modelo, pois na época não havia muitos modelos, eram todos Ford 29, acho eu. Só me lembro bem que eram conhecidos como “furrecas”.
Enquanto todos ficavam lá dentro a conversar e ficava lá perto do automóvel observando o contraste do amarelo das flores que caiam sobre o carro preto (todos os modelos eram pretos, não havia outras corres).
O pára-brisa parecia mais um espelho que refletia o azul infinito do céu e nuvens que mais pareciam barcos apressados a singrar o mar infinito. Ah como gostava de ficar ali, sempre sozinho, falando comigo mesmo e aproveitando cada minuto a sombra e o frescor das flores.
E os pássaros – eram muitas espécies e como brincavam alegres e saltitantes! O João de Barro, ah este parecia ser o dono daquela árvore, edificou sua moradia de alvenaria no mais alto tronco e de lá era o sentinela efetivo.
Fiquei sem palavras não sabia explica-lo que eu não o ouvira realmente, eu não ouvira ele pedir-me para ir ver as horas no velho carrilhão que ficava lá na sala. Só sei que ele ficara muito bravo comigo neste dia.
Mas nada podia fazer mais e aos poucos toda aquela magia do lugar devolveu-me a alegria novamente e até hoje sinto saudades do velho Ipê.
Nenhum comentário:
Postar um comentário