quarta-feira, julho 22, 2009

MEU PAI, MEU ÍCONE.

Hoje, regresso a minha mais tenra idade, minha infância e vejo-me nos braços de meu pai.
Antes mesmo de aprender as primeiras palavras podia entender e compreender todo carinho e amor que ele dedicava a mim.
Aos domingos levava-me nos braços para a feira e sempre me comprava balões coloridos em forma de pato, cataventos coloridos, piões coloridos e outros brinquedos que me chamava atenção.
Passava a maior parte de seu tempo de folga em casa a brincar comigo.
Aos poucos fui crescendo e aquele carinho paterno também.
Quando comecei a entender um pouco a comunicação verbal iniciei logo cedo a fazer perguntas tipo:
..... que é isso?
..... que é aquilo?
......por que isso?
......por que aquilo?
Lembro-me que sempre tinha a resposta de tudo.
A medida que eu crescia ia mudando o repertório de meus questionamentos mas papai estava ali sempre com suas explicações.
Sempre fui mais observador... mas uma criança ainda não possui o senso crítico dai necessidade de perguntar mais.
Diante de uma noite estrelada, enluarada indagava sempre sobre os mistérios das estrelas, da lua e do sol!
Sempre gostei de observar o céu de dia as nuvens e a noite as estrelas.
Gostava muito de ouvir suas estórias e seus causos.
De sua infância, de seus pais pouco me falou, mas as vezes escapava algumas passagens de quando criança, mas muito raro.
Papai sempre fora muito carinhoso e sempre muito atento a qualquer gemido, soluço ou choro. Sempre estava ali do lado para observar e dar segurança e amor.
Certo dia meu pai levou-me a Mercearia Godinho, onde trabalhava no centro da cidade, no mesmo lugar que hoje ela existe, a rua Líbero Badaró, próximo ao viaduto do Chá todo orgulhoso para mostrar-me aos seus colegas de trabalho.
Lembro-me que eu ainda nem sabia andar, mas podia ver e ouvir tudo que se passava em volta.
Gostava de ficar observando o movimento dos carros, dos ônibus e os prédios por onde passava.
Em casa, nas suas horas de folga, papai costumava pegar-me no colo e brincar muito comigo. A noite antes de dormir gostava de brincar de cavalinho, de saltar na sua barriga.
Muitos outros momentos marcantes estão vivos na minha memória, mas serão narrados em episódios a parte em outros contos e crônicas.
O tempo passou, cresci, atravessei a infância, a adolescência, a juventude e alcancei a minha maturidade e em todas as fases de minha vida sempre tive e ainda tenho o carinho e a dedicação de papai, como nos velhos tempos.
É como se o tempo (mais de meio século) entre nós não tivesse passado e rogo a Deus para que esta graça perdure ainda por muito tempo.

MINHA IDA PARA O SEMINÁRIO

DISTANTE DE CASA AOS 12 ANOS DE IDADE.

Lembro-me que desde muito novo alimentava-me de um sonho de ir estudar no seminário e tornar-me um padre como meu tio Antônio!
Até os meus dez anos este sonho foi fortalecendo com a influência externa. Além de meus pais sempre terem manifestado esta vontade havia a projeção do tio padre o qual era para mim um modelo.
Depois, já na cidade grande, participando ativamente das atividades paroquiais esta intenção de ir para o seminário fortificou-se mais ainda. Os incentivos vinham por parte da família, dos amigos de meus pais, das freiras e padres da igreja.
Até que ao concluir o primeiro ciclo do Ensino Fundamental a minha ida para o interior foi decidida com a visita de um padre lá do seminário que foi visitar meus pais. E então tudo foi acertado para a minha viagem. Marcaram o dia para que eu viajasse e meu pai teve a garantia de que ao desembarcar na distante cidade do interior de Minas Gerais este padre estaria lá a minha espera.
Assim chegou o dia decisivo de minha vida, o embarque. Despedi de minha mãe, de meus irmãos e rumei a rodoviária com meu pai que acompanharia-me até a saída do ônibus.
A sensação era um misto de aventura, medo e ansiedade por aquilo que eu encontraria lá fora. Era a primeira vez que me afastava de meus pais, de meus irmãos, de todos que eu conhecia.
Eu ainda ia completar doze anos no mês seguinte.
Acenei para meu pai que aguardava, lá na calçada, o ônibus partir e em seguida enxugando as lágrimas que despencaram tentei distrair-me observando a paisagem e ocupando meus pensamentos ... imaginando a minha chegada na nova cidade, o colégio e imaginando como seria minha vida a partir daquele dia. Para onde eu estava indo não havia ninguém conhecido a não ser o padre que esteve em casa combinando a minha ida para lá e que eu havia visto apenas uma vez. Tudo era novidade e desconhecido.
Sempre ouvi estórias do seminário, onde meu tio e meu pai estudaram.
Após algumas horas de viagem percebi que estávamos chegando ao destino e observando a sinalização na rodovia percebi que estava já na cidade de Itajubá, meu destino final.
Ao desembarcar-me encontrei, a minha espera, o padre Tarcísio conforme prometido a meus pais. Após cumprimentos o padre conduziu-me ao seminário que pelo duração do percurso vi que ficava bem próximo a rodoviária, perto do centro da cidade.
Era um prédio enorme, sobrado, tendo a sua direita uma capela e a sua esquerda uma vasta área verde, pomar e campo de futebol.
De início foi assustador entrar naquele prédio enorme e deserto, para recepcionar-me apenas o padre e dois alunos que também estavam a minha espera para seguir viagem a uma cidade vizinha onde os alunos estavam em período de adaptação aproveitando a última quinzena de férias aos pés das montanhas da Mantiqueira, quase divisa de São Paulo com Minas Gerais.
Viajaríamos no dia seguinte, os dois alunos que lá estavam aproveitaram para mostrar-me todas as dependências da escola, antes levaram-me ao dormitório onde coloquei meus pertences no meu armário.
Era um longo e espaçoso salão com duas fileiras de camas junto as janelas, cada qual com seu criado (armário).
A noite se aproximava e mal deu tempo para conhecer todas as dependências. O silêncio ali era total e chegava a ser assustador. mas a alegria contagiante dos dois novos colegas animaram-me e logo fomos para o refeitório com dezenas de mesas vazias e ocupamos apenas uma delas para a refeição do jantar.
Disseram que sairíamos cedo para Delfim Moreira e portanto devia dormir cedo. A primeira noite apesar do cansaço o sono demorou a vir com tanta coisa passando pela minha cabeça.
Logo ao amanhecer um deles veio me acordar. Levantei, escovei os dentes, lavei o rosto e me troquei. Ah, já deixei umas mudas de roupas para levar conforme orientação e fomos tomar o café da manha e logo em seguida fomos para a rodovia.
Logo apareceu uma jardineira e ao acenar ela parou e entramos os três. A viagem durou cerca de duas ou três horas, pois a jardineira parava nas fazendas e vilas por onde passava.
Entre montanhas apareceu uma pequena cidade cercada de verdes matas e riachos de águas cristalinas, era ali que encontraríamos os alunos juntamente com o padre superior.
Era manha, o sol brilhava, o clima era ameno, logo deparamos com grupos de jovens perambulando pela praça e logo aproximaram de mim já dando as boas vindas e em seguida apareceu o padre Antônio Cortês o Superior da escola que veio dar me as boas vindas.
A recepção foi calorosa e logo já me senti em casa, enturmado.
A pequena cidade era acolhedora e éramos bem vindos ali, todos cumprimentavam os alunos e andávamos a vontade por todo os lados.
Segui o exemplo dos demais alunos e fiquei só de calção de banho e camiseta e logo acompanhei um grupo que ia nadar no rio.
Que maravilha! Encontramos um riacho transparente e com alguns pontos com maior profundidade onde dava para ver o fundo branco de areia, mas a visão nos enganava, parecia raso e ao mergulhar percebíamos que alguns pontos eram profundos mas límpido. A maioria dos alunos já conhecia o local e assim eu apenas os acompanhava.
Depois de nadar, escalar morros, cavalgar, ... a noite chegava e ainda restava atividades de lazer como gincanas, música, canto e várias brincadeiras de grupo.
Passamos dias inesquecíveis e muito agradáveis ali e quando aquele encontro de adaptação terminou sentimos saudade mas muito ainda havia para conhecer na cidade.
A nossa despedida do lugar foi cheia de pesares, as pessoas acenavam e diziam para que a gente voltasse ali mais vezes. A acolhida havia sido maravilhosa e até parecia que estávamos em meio de nossas famílias, nas nossas cidades de origem.
Assim terminou o meu primeiro encontro de adaptação pós férias.
Mais tarde, outras vezes, ali retornei com alguns colegas mas esta primeira vez foi muito marcante e especial.
Mais alguns dias no seminário em adaptação e depois de uma semana iniciou-se o ano letivo. Muitas novidades, aventuras e novos conhecimentos vieram a seguir no ano de 1962 em Itajubá, Sul de Minas.

terça-feira, julho 21, 2009

FESTA NA ROÇA


Domingo ensolarado, a natureza toda em festa numa daquelas manhãs ensolaradas de inverno lá na fazenda da Mata.
Todos se preparavam para algum acontecimento especial. Vovô estava lá na frente do curral acertando os últimos detalhes da montaria dos cavalos.
Mamãe disse me que íamos todos ao batizado do filho do Juca Néca, amigo de vovô em sua fazenda que ficava logo abaixo do Morro da Onça.
Chegando lá reconheci que era aquela fazenda em que costumávamos ir naquelas festas junina com muitos fogos, fogueira e muitos quitutes.
Logo dirigimos para a pequena capela que ficava acima da sede, lá no alto da colina. A capela era pequena e a maioria das pessoas, principalmente os empregados da fazenda ficavam do lado de fora a espiar o que se passava lá dentro.
Era um dia festivo, as roupas coloridas das pessoas contrastavam com a linda paisagem iluminada pelos raios do sol naquele belo domingo.
Minha família, mamãe, vovó, vovô, tio Toalba e eu ficamos lá bem diante do altar ao lado da família do amigo do meu avô.
O padre Godofredo de origem holandesa e ainda arrastando um português enrolado, mas compreensível para a maioria, pois estávamos já habituados com os padres holandeses na cidade. Praticamente não havia padres brasileiros na maioria das paróquias.
Com aquela peculiar curiosidade infantil eu observava tudo ao meu redor e notei que o padre conversava com os pais da criança e com meus avós e que havia algo errado. O padre não concordava com alguma coisa, deu para ver que estavam falando de meu tio que seria o padrinho da criança a ser batizada.
De repente meu avô acena-me para que eu fosse até ele que se encontrava ao lado da pia batismal e apresentou-me ao padre.
Foi ai que ouvi o padre dizer que então eu seria o padrinho daquela criança pois o meu tio não poderia ser por professar outra crença, ser (* )protestante.
Eu tinha nesta época aproximadamente seis anos de idade, mal compreendia aquela situação mas fiz o que mandaram eu fazer.
Entregaram-me aquela criança para eu segurar enquanto o padre procedia a cerimônia.
O padre era muito severo, lembro-me que ficou nervoso quando percebeu a presença de duas moças aproximando do altar para auxiliá-lo afastou-as imediatamente dizendo:
- A mulher não pode tocar nos objetos sagrados e nem no altar.
Foi então que um senhor se aproximou e auxiliou o padre durante toda a cerimônia.
Os anos passaram e por mais de uma década ainda visitei a fazenda de vovó, mas jamais retornei a fazenda do seu Juca Neca e nunca mais tive notícias de meu "afilhado".
Só fui entender o que realmente se passou muito tempo depois.
Ao meu ver uma coisa absurda, uma hipocrisia, uma intolerância da igreja ou do padre Godofredo!?
Uma criança batizando outra criança sem ao menos saber, compreender o significado de ser "padrinho".
E durante toda a minha vida este foi o único afilhado . Nunca mais fui convidado a ser padrinho de nenhuma outra criança!

Obs.: Vovó era protestante, ou seja, evangélica como hoje falamos e vovô católico.

Era comum nas famílias os filhos homens seguir a mãe, ser educados na religião ou crença da progenitora e as filhas mulheres educadas na crença do pai.

segunda-feira, julho 13, 2009

Lembranças do tio Lerico

Final de 1950, o mês exato não posso precisar mas sei que estou na terra da garoa, São Paulo dos anos 50 e ainda posso ouvir aquele sotaque lusitano por t odos os lados, as vezes o italiano, o árabe entre outros que se soma a cultura e falácia dos migrantes que para São Paulo vieram atrás do sonho de vencer na vida.
Vejo a cidade mais saudável, mais festeira, e andando mais devagar e menos poluída.
As estátuas espalhadas pelas praças e avenidas chamam-me a atenção. O emaranhado dos edifícios, os bondes, os ônibus e os carros me enchem de curiosidade.
Nos bairros sinto ainda o cheiro peculiar do carvão e querosene! Um cheiro que lembra o fogão a lenha lá do interior de onde a maioria migrou.
Mas sinto saudade das montanhas, morros, das matas, das aves, dos córregos de águas límpidas.
Na Praça da Sé vejo a Catedral ainda em construção, sem suas torres, a rua Santa Teresa está ali separando a Praça da Sé da Praça Clóvis Beviláqua com seu "glamour" guardando imponente seu cinema e restaurantes.
Lá nos fundos da Catedral vejo a construção do Fórum da João Mendes, bondes elétricos circulando imponentes pelos trilhos incrustados nos paralelepípedos que calçam as ruas do centro da velha capital que se renova a cada dia com a chegada de mais imigrantes e a construção de novos edifícios.
Depois de cruzar a Praça João Mendes, olho a minha esquerda paro na esquina da Avenida Liberdade e posso ver lá do lado do canteiro de obras do (hoje) Fórum da João Mendes, uma jovem mãe com seu filho no colo apontando para cima, ao meio dos andaimes um dos operários que lá trabalhava como carpinteiro.
- Olha filho,é o tio Lerico que está trabalhando lá em cima!
Acena-se para um senhor lá no alto e pouco depois observo-o descendo e indo em direção da mãe com o filho nos braços e por alguns minutos conversam de maneira familiar.
- Tio Lerico, este é o Adauto, o meu menino, o Walter foi me buscar lá em Campo Belo.
- Ah... Gileite fico muito feliz de ver você com este menino forte e bonito!
Atento a tantas coisas ao meu redor... uma infinidade de sons … eu nem ouvi o que continuaram a conversar... quando de repente percebi que os dois se despediram e pouco depois e aquele senhor voltou aos seus afazeres e a jovem mãe com seu filho se foi.
De repente, como num passo de mágica aquele cenário todo mudou, estava eu no mesmo lugar mas diante de uma movimentada e nervosa cidade com um trânsito alucinante, centenas de pessoas tentando atravessar entre carros a avenida Liberdade e a movimentada Praça João Mendes.
Ai me dei conta de que o tempo passou, meio século depois então percebi que aquela jovem mulher era justamente a minha mãe e a criança nos seus braços era quem agora escreve esta lembrança viva.

Obs.: (Corrigindo a História) :
Saudosos tio Lerico, cunhado do Vô João, marido tia Anésia trabalhava como carpinteiro no início da construção do Fórum da João Mendes, 1950.
O que contraria informações na Internet de que a referida obra deu-se no ano de 1956.

segunda-feira, junho 22, 2009

Meus lugares inesquecíveis.

Até aos cinco anos de idade meus lugares prediletos na roça onde morava era explorar os caminhos entre o mandiocal. Uma vasta área em que papai cultivava mandioca e durante uma boa parte do ano as ramas cresciam cerca 1.50m a 2,00 m de altura e algumas até um pouco mais.
Os animais deixavam trilhas por baixo daqueles arbustos e em alguns lugares formava-se uma clareira. As trilhas eram caminho com terra batida pela passagem dos animais (galinhas, pássaros, os animais domésticos, alguns animais selvagens como pequenos veados, gatos do mato, jaguatiricas, entre outros.
Aquelas trilhas eram cheias de encruzilhadas e sempre dava em alguma clareira lugares agradáveis para se brincar. Muitas vezes eu tinha que me abaixar para passar pois as trilhas em forma de túneis eram baixas mas em boa parte eu podia caminhar quase sempre de pé, mas sempre abaixando a cabeça.
Ali eu passava horas brincando, ora observando os pássaros que ali vinham compartilhar daquela suave sombra ora explorando aqueles caminhos já prontos ou até mesmo construindo outros até que meus pais percebendo minha ausência ao redor da casa chamavam por mim.
Aos poucos fui perdendo o receio e explorarando o carrego represado que ficava abaixo do mandiocal o qual descia em direção a fazendo de meus avós.
Havia dois trechos um antes do açude, mais profundo e grosso e outro que ficava abaixo da casa em que morava e este possuía mais água represada e margeado de bastante árvores e vegetação. Depois do açude a água fluía mais indo alimentar o monjolo, o moinho, a usina elétrica, o carneiro e as vezes ainda tinha outras serventia mais la na sede da fazenda.
Alguns trechos possuía a margem limpa e como suas águas eram claras me aventurava entrar onde não fosse profundo.
Escondido do vô João e sempre com a anuência da vó Anita que pedia a um empregado, o "Zé da Mãezé" improvisar uma jangada com troncos de bananeiras por sugestão de vovó para que eu pudesse brincar no córrego indo e voltando no trecho navegável cerca de 700 m acima da fazenda.
Ali passava boa parte do dia em cima da improvisada jangada que para o meu peso e tamanho era o suficiente para navegar pelo córrego. O Réx, um pequeno cão da fazenda sempre me acompanhava e muitas vezes servia de alerta, seus latidos me avisavam da presença de serpentes as margens.
Enquanto a jangada deslizava pelo leito do córrego represado passava por galhos verdes e carregados de amoras das quais aproveitava pra deliciar-me com aquelas frutinhas frescas.
As vezes encostava a jangada as margens e saia para ficar na pequena cachoeira ao meio da mata que ficava aos fundos do pomar. Lá depois de me refrescar com uma água límpida e fria sentava-me numa pedra e ficava a observar os pássaros e outros pequenos animais que por ali buscavam refúgio do sol quente. Não raro encontrava alguma serpente em busca de alimento, geralmente pequenos pássaros ... mas parece que ambos eu e elas tomávamos sempre caminhos opostos e jamais procurávamos qualquer aproximação.
O local era exuberante em flora e animais por isso era muito bom estar ali, uma pena que não havia ninguém a compartilhar aqueles momentos.
Quando cansava de ali ficar adentrava no vasto pomar em busca de alguma fruta "temporona".
Dali ouvia-se toda a lida da fazenda, o som das galinhas cacarejando, de vez em quando um mugido aqui e acolá, ora o canto triste e cansado do carro de boi que chegava carregado com a "panha" do dia. E o estampido seco do monjolo a trabalhar desde o nascer do sol.
Mas havia um momento do dia que tudo parecia silenciar, não se ouvia nada nem o vento a roçar os galhos das árvores.
- Ah este é o momento do perigo ! (diziam os velhos empregados da fazenda)
- Hora da onça tomar água!
Parece que toda a bicharada respeitava esta hora, até os pássaros pareciam silenciar em respeito a rainha da mata!
Saia pelo pomar entre laranjeiras, macieiras, e outras espécies frutíferas em busca de alguma fruta madura, sempre que encontrava alguma fruta "temporão" eu colhia-a com todo cuidado e corria a presentear mamãe ou vovó que estava lá na cozinha preparando o almoço ou o jantar.
- Mãe ! Olha que eu trouxe para a senhora!
Quando ela gostava e comia me enchia de alegria e contentamento.
Ah, gostava de subir a colina que no seu topo havia uma pedreira em forma de laje e de lá se avistava longe!
Fica ali por muito tempo as vezes até o entardecer quando o sol começava a beijar o horizonte e eu ouvia as vozes dos camaradas que já nas suas casas proseavam e alguns pegavam suas violas e se punha a cantar. Lá do alto da pedreira ouvia-se tudo, as vozes misturando-se aos outros sons, os pássaros já se preparando para seus aposentos. E o céu já numa transição de cor começava a mudar suas nuanças.
Geralmente não esperava vô João chamar para almoçar ou jantar, pois ele fazia questão que todos estivéssemos junto a mesa na hora das refeições.
Acontece que nas minhas andanças pela fazenda as vezes era atraído pelo cheiro da comida lá na casa do Zé Soares, então costumava me aproximar do casebre e logo a "Memba" (mulher do Zé Soares) chamava vem menino, come um pouco! Eu dizia não obrigado, mas ao mesmo tempo caminhando em direção da cozinha. Eu dizia que não poderia comer que mamãe e vovó se zangariam e a Memba logo ia dizendo:
- Bobo, come aqui e depois você come lá! É só não falar!
Eu não resistia a esta gula e assim frequentemente eu repetia tal façanha.
Gostava muito de subir em árvores e havia muitas árvores frondosa naquela época lá na fazenda da Mata. Aproveitava a ausência de papai e do vovô pois eles não gostavam de me ver arriscando subir nas maiores árvores.
Geralmente eu conseguir escalar os mais altos galhos, ah, mas a descida! Ai era uma coisa, eu ficava longo tempo lá no alto com medo de descer e não podia pedir ajuda
Mas sempre consegui subir e depois descer. É que os galhos eram grossos e as vezes longos e por ser ainda criança minhas pernas não alcançavam os galhos. Para subir era sempre mais fácil mas a descida era sempre mais preocupante.
Alguns lugares eu não me aventurava ir sozinho e aproveitava a vinda dos primos para com eles visitar os lugares que eu conhecia ou desejava ir.
Eles na maioria das vezes tinham medo e para encorajá-los eu fingia não ter nenhum medo ou receio, mas na verdade eu também tinha. E assim enfrentávamos novas aventuras.
Uma delas foi no Morro da Onça, sempre olhava aquele morro imponente e dizia ainda vou subir lá. Devia ter uns sete anos quando reuni meus primos Dalmilho, Raquel, Jane, Mariete e depois de preparar uma bandeira com um lençol velho de vovó nos arrumou partimos em direção a tão sonhada aventura.
Vovó e alguns empregados nos alertou, algo que eu sabia, do perigo de embrenhar-se nas matas do Morro da Onça, refúgio de muitas cobras, principalmente da cascavel que prefere lugares com muitas pedras e a humidade da mata
Mas fomos assim mesmo, ora eu não podia demonstrar nenhum medo aos primos da cidade, afinal eu morava ali na fazenda!
Conseguimos alcançar o topo do Morro da Onça e de lá desfrutar de uma visão maravilhosa.
A leste conseguíamos ver alguns sinais das cidades vizinhas como pontinhos brancos incrustado nas montanhas no horizonte, lá deveria estar primeiro Cana Verde, Perdões e Carmo da Cacheira. A oeste tínhamos a visão da Fazenda da Mata emoldurada com o Morro dos Pimentas aos fundos. Ao Norte podíamos enxergar parte da nossa cidade, Campo Belo e ao Sul vestígios do Rio Grande que serpenteava entre as montanhas em rumo a Serra de Boa Esperança a qual era visível. O Morro da Onça na década de 60 e início de 70 ainda guardava intacta a mata nativa, todo recoberto de verde deixando aparecer só uma laje rochosa no seu topo e em do lado norte, na encosta rompiam algumas enormes pedras.
Chegamos a parte superior e logo fomos tratar de deixar nosso marco, a bandeira improvisada com o lençol velho que vovó nos arrumou.
Eu me arrisquei a escalar algumas pedras que ficavam mais a extremidade enquanto minhas primas ficaram com o Dalmilho na laje.
Mais tarde em outras férias refiz a mesma aventura e hoje, sinto saudade e vontade de repetir o mesmo.
Mas dá uma tristeza, mesmo de longe, ao ver pelo Google Earth que o meu Morro da Onça não é mais o mesmo!
Teria envelhecido? Estaria doente? Não, o homem acabou com sua beleza primitiva. Hoje ele ainda está lá mas despido e triste!
A leste conseguíamos ver alguns sinais das cidades vizinhas como pontinhos brancos incrustado nas montanhas no horizonte, lá deveria estar primeiro Cana Verde e Perdões. A oeste tínhamos a visão do da Fazenda da Mata tendo como cenário de fundo o Morro dos Pimentas. Ao Norte podíamos enxergar parte da nossa cidade, Campo Belo e ao Sul vestígios do Rio Grande, lá pelos lados do Porto dos Mendes serpenteando pelas montanhas em rumo a Serra de Boa Esperança a qual era visível.
O Morro da Onça até o início da década de 60 ainda guardava intacta a mata nativa
Todo recoberto de verde mostrando apenas a laje rochosa no seu topo e em todo lado norte, na encosta rompiam algumas enormes pedras.
Chegamos a parte superior fomos logo arranjando uma maneira de deixar nosso marco lá no topo, a bandeira improvisada com o lençol velho que vovó nos arrumou.
Eu me arrisquei a escalar algumas pedras que ficavam mais a extremidade enquanto minhas primas ficaram com o Dalmilho aguardando na laje.
Mais tarde em outras férias refiz a mesma aventura e hoje, sinto saudade e vontade de repetir o mesmo.
Sinto uma tristeza imensa, mesmo de longe, ao ver pelo Google Earth que o meu Morro da Onça .
- Ele não é mais o mesmo!
- Teria ele envelhecido?
- Estará doente?
- Não, o homem é que acabou com sua beleza primitiva.
- Hoje ele ainda está lá !
- Mas despido e triste!
Assim como toda a região ao seu redor que antes era só verde, hoje é vegetação rasteira, nem mesmo os lindos cafezais ao pé do morro não existem mais apenas uma pobre pastagem.
Ainda na década de sessenta a fazenda da Mata ainda guardava lembranças de uma época mais remota. Havia na colina ao Sul da sede, restos de muralhas de pedra, um pouco mais acima uma tapera, onde só restava alguns alicerces de pedra indicativo de antiga fazenda, e algumas valas.
Eram os dois tipos de cercas, obstáculos que faziam para separar propriedade e mesmo dividir os animais. Tanto a muralha de pedras como a vala funcionava como demarcação ou obstáculos para o gado e outros animais maiores.
Era um dos lugares que eu gostava de frequentar embora sabia do perigo de cobras nestes locais de pedras ou valas.
No verão meu lugar predileto era nos manguesais, havia muita manga, muitas espécies diferentes e com esta abundância os porcos disputavam com os saguis e até mesmo com os ouriços (Porco Espinho) esta deliciosa fruta tropical.
Eu tinha as minhas preferidas, geralmente as mangueiras as quais apenas os saguis frequentavam e cujos galhos eu pudesse escalar e ali ficar saboreando as mais bonitas e doces mangas.
Ainda na década 50 saímos da fazenda da Mata e fomos morar no nosso sítio no Porto dos Mendes, mais precisamente no Morro Grande. Lugar isolado, tendo o Porto como o lugar povoado mais próximo, cerca de 8 kilômetros aproximadamente. Mas não havia nenhuma vizinhança ali, eu vivia mais sozinho que na fazenda de vovó.
Ali encontrei e explorei muitos lugares ao pé do Morro, a beira de córregos de águas límpidas, goiabeiras e mangueiras por todos os lados.
Gostava de frequentar a mata e ficar ali observando a beleza dos pássaros. A noite fica a olhar para as montanhas onde enxergava a luz dos carros que passavam na estrada rumo a Boa Esperança.
A caminho do Porto por uma estrada de terra que mal passava um carro de boi apreciava-se frutas silvestres e límpido córregos que buscavam o Rio Grande
De manha e a tarde ouvia-se o piar e o cantar da Siriema e das Saracuras, depois os Sabiás entre outros. Era sempre uma linda sinfonia!
A tardezinha, mais ao anoitecer lá na encosta da morro vinha o uivado as alcateias que ali se reuniam.
Embora em pequeno volume a água era abundante em nosso sítio e papai consegui conduzir uma boa parte da nascente para passar na porta de casa.
Fim da década de cincoenta, início da década de sessenta papai vendeu o sitio. Retornei por uns tempos para a fazenda de vovó onde aproveitei mais um pouco meus lugares prediletos já descritos aqui e depois disso meados de 1961 papai levou nos para São Paulo.

sexta-feira, junho 19, 2009

DEPOIS QUE O ÔNIBUS PASSOU

Era inicio dos anos setenta, eu havia voltava para a capital de São Paulo depois de um longo período de reclusão num colégio de padres (seminário) no interior de Minas Gerais e São Paulo.
Ávido do saber eu andava sempre com um livro debaixo do braço para aproveitar ler durante a viagem de ônibus e em outras oportunidades.
Certa noite retornando para casa percebi que havia passado o último ônibus e por algum motivo não havia parado ao dar sinal. Era uma época que havia poucas opções de transporte coletivo, principalmente onde eu me encontrava, no Ipiranga para Vila Formosa.
Não havendo mais esperanças de novo transporte comecei a caminhar pelas ruas já desertas do Ipiranga rumo a Vila Prudente e depois Vila Formosa onde eu morava com meus pais.
Pouco antes da meia noite estava eu já cruzando a linha ferroviária sobre o viaduto (Viaduto Pacheco Chaves) que atravessa a Avenida do Estado rumo a Vila Prudente.
Eu caminhava absorto pela lateral direita que destinada a pedestres quando de repente percebi um táxi que parou ao meio fio pouco a minha frente.
Percebi que a porta do passageiro se abriu e ouvi a voz do motorista convidando-me a entrar.
Confesso que fiquei surpreso visto não ter solicitado a parada do referido táxi.
O motorista indagou-me:
- Vai para que lugar moço ?
Então respondi:
- Estou indo para casa.
- Moro em Vila Formosa e o último ônibus passou direto.
Mas eu lhe disse que não podia pegar o táxi pois não havia dinheiro para pagar pela corrida - e mesmo assim ele insistiu mais uma vez:
- Entre, é o meu caminho, eu posso deixá-lo lá na sua casa.
Então um pouco ressabiado entrei no veículo que seguiu o seu destino.
Uma indagação inquietante ocorria em meus pensamentos.
Antes que eu dissesse qualquer coisa o motorista puxou conversa e explicou:
- Sabe, eu parei porque vi que você é estudante. Percebi que você estava com um livro debaixo dos braços e é muito perigoso um jovem estudante andar por ai a esta hora. A P.E. (Polícia do Exército) costuma recolher e prender jovens (mesmo adultos) pelas ruas sem nenhum motivo e depois nunca mais se tem notícias deles.
- Eu sei como é. (disse ele).
- Eu conheço muitos casos de pessoas que desapareceram, depois os pais procuram seus filhos e não encontram mais!
Depois de ouvir, com atenção, o relato do motorista contei-lhe que eu havia acabado de servir o Exército no interior e que eu sempre ando por ai sem nenhum receio.
Fomos conversando e de repente já estávamos próximo a minha casa. Então eu agradeci o gentil senhor e disse-lhe que podia deixar-me ali mesmo na avenida próxima a minha casa. Mas ele insistiu em deixar-me na porta de casa e em seguida seguiu seu destino.
Ao entrar em casa, encontrei meus pais e meus irmãos já adormecidos e só no dia seguinte eu pude relatar o fato a eles que também ficaram sensibilizados com a atitude do bom senhor.

quinta-feira, junho 18, 2009

GARELI – QUEM TEVE UMA JAMAIS ESQUECE.


1972 - Gareli Modelo 1971/2,
Muito comum na Itália de fácil locomoção e de baixo consumo de combustível.
Início dos anos 70 e São Paulo não era mais a terra da garoa. Mas uma grande metrópole onde se podia andar a vontade, dia e noite, sem ser assaltado, sem ser incomodado a não ser que perturbasse a ordem pública ou se opusesse ao regime da ditadura militar... a vida era tranqüila.
A cultura estava efervescente, muitos espetáculos na noite paulistana, teatro, cinema, exposições, feiras, etc.
Eu acabava de retornar a casa paterna depois de oito anos estudando em colégio de padres no interior de Minas e de São Paulo.
Depois de quase uma década recluso em uma escola religiosa e ainda com a experiência do serviço militar sentia-me a vontade diante desta nova vida.
Terminado o ensino médio logo tratei de preparar-me para o ensino superior ingressando num curso preparatório.
O trabalho, os estudos e a busca de novas experiências e novos conhecimentos fizeram com que a minha permanência em casa restringisse mais para dormir e nos finais de semana.
O transporte era o que mais preocupava, era precário. Os ônibus muito lotados e poucas linhas. O metrô, ora o metro, este ainda estava no projeto.
Diante da dificuldade de locomoção para o serviço, para a escola eu pensava em comprar uma moto ou um carro usado. Comecei a pesquisar os modelos mais simples de motos, até de carros, mas meu orçamento não era suficiente para tal.
Alguns amigos aventuraram-se na compra de um Gordine, ou Vemaguet (carros populares da década de 60) carros fora de linha de fabricação, outros preferiam motos de 50 cc.
Acabava de chegar no Brasil, a preço popular, a Gareli Modelo 1971/2, muito comum na Itália para fácil locomoção e de baixo consumo de combustível.
Adquiri a minha Gareli e esta passou ser a minha companheira para o trabalho, escola e até para o lazer.
Equipei-a com duas maletas de coro na parte traseira nas laterais do assento do carona para eu transportar meus cadernos, livros e outros objetos.
Este modelo era novidade no Brasil, acho que comprei um modelo que acabava de ser importada, havia poucas unidades. E isto fazia com que chamasse muita atenção das pessoas que questionavam:
Ei!!!
Isto é uma bicicleta ou uma Moto?
Quanto gasta de gasolina?
Etc
Era muito prática e econômica. Seu tanque de combustível havia capacidade de apenas dois litros de gasolina; o suficiente para rodar dezenas de quilômetros sem abastecer.
Incrível!
Apenas havia um problema no dia de chuva, a tração era no pneu traseiro isso fazia com que o motor perdesse um pouco a tração. Em situações normais era a solução ideal, não havia trânsito ruim para ela. E também naquela época não havia tantas motos nas ruas como atualmente. Portanto era tranqüilo transitar por ruas e avenidas de São Paulo.
Trabalhava num Banco Comercial no centro da capital mas o meu serviço era externo e por isso a Gareli muito me auxiliou. Não me preocupava mais com transportes lotados, com o último horário de circulação de ônibus, podia sair e voltar a hora que quisesse. E sempre chegava nos lugares antes de qualquer um, era maravilhoso!
Como disse anteriormente o modelo era inédito, uma pequena remessa havia sido importada da Itália o modelo que era ideal para cidades planas sem muitas subidas. Era normal as pessoas o tempo todo fazendo perguntas. Sempre chamava a atenção por onde passava.
Era leve, silenciosa e econômica. Esta foi minha companheira por mais de dois anos para o trabalho, a escola e passeios.
Nesta nossa parceria alguns acontecimentos marcantes que relato a seguir:
Certa vez voltando para casa pela rua da Moóca, por volta das 21 ou 22 horas aconteceu do pneu traseiro de minha Gareli furar e como não havia meios de consertá-lo ali precisei caminhar empurrando-a em direção de casa. Era uma caminhada de cerca de seis ou sete quilômetros. Caminhava beirando a calçada, mantendo o farol da Gareli aceso. Havia passado diante da Delegacia de Polícia que havia ali na Rua da Moóca e poucos metros adiante passou por mim um automóvel modelo Opala, de vidro fumê que após ultrapassar-me encostou-se ao meio fio e dele desceram o motorista e o carona. Dois rapaz com jeito de “playboy”.
A primeira coisa que passou pela minha cabeça foi a de “problemas a vista”, achei que queriam confusão e eu sozinho, numa rua deserta, sem movimento, o que podia fazer!?
Foi quando um deles se aproximou e veio logo indagando: O que é isso uma bicicleta ou uma moto? - a pergunta que todos faziam.
Ainda um tanto temeroso respondi a pergunta e as demais referente a Gareli que tanta curiosidade despertava.
Foi então que o rapaz perguntou para onde eu estava indo e ao saber que iria para casa em Vila Formosa prontificou-se em acomodar a Gareli no porta mala de seu veículo e levar-me até a casa de meus pais. Com muita educação os dois ocupantes do Opala preto que de início me causou receio ao parar pouco a frente de onde eu estava conseguiram colocar a Gareli, mas a roda dianteira ficou suspensa do lado de fora e era preciso alguem ir dentro do porta mala para segurar a roda para não estragar a pintura do carro.
Foi ai que um deles perguntou se eu me importava de ir no porta mala segurando a parte dianteira da “motoca”. Eu disse que não, de modo algum e assim depois de acomodar-me dirigiram-se calmamente ao endereço a eles fornecido e em poucos minutos estava eu em casa são e salvo e com a minha Gareli. Agradeci aos desconhecidos meio sem palavras os quais retribuíram com um sorriso e um “dinada” e foram-se embora.
Numa outra ocasião o mesmo fato ocorreu mas agora na movimenta Radial Leste, a noite; percebendo a avaria daquela “motoca” sendo empurrando por mim um pequeno caminhão baú parou poucos metros a minha frente e ofereceu-se para levar-me até em casa. E gentilmente deixou-me na esquina da rua de casa.

Seriam anjos ou mensageiros dos mesmos!?

Acreditem ou não, fatos assim sempre acontecem, pelo menos comigo.

Hoje resta-me saudade daquele tempo e ao lembrar destas situações incomuns eu me pergunto por onde andará estas pessoas ?

terça-feira, janeiro 13, 2009

Meus Pensamentos

A única verdade que eu sei é que ao nascer eu comecei a morrer!

-- Adauto Neves [pensador]

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