quarta-feira, dezembro 06, 2006

MEU CÃO INESQUECÍVEL

Sou um apaixonado por cães grandes, já tive vários pastores alemães e um belga e muitas estórias para contar.
Mas na infância o meu primeiro cão ( aliás era o cão dos meus avós ) chamava-se Norte. Era um cachorro grande para um menino de dois ou três anos de idade. Eu podia até andar em cima dele, coitadinho, agüentava sem reclamar!
Era muito dócil vivia perambulando pelo casarão, pela cozinha, sala, varanda e ajudava meu avô na lida com o gado. Cachorro muito esperto, ia em busca da vaca mais arredia e trazia ao cural.
Uma coisa que me lembro muito bem era o seu sumiço diário, a certa hora do dia ele desaparecia. Depois de algum tempo descobri o que ele fazia todos os dias!
Ele ia até a fazenda do tio Orozimbo todos os dias ficava lá um pouco em busca de agrado e depois antes do final da tarde retornava para a fazenda da Mata. Era um percurso de cerca de dez quilômetros ida e volta.
Isto já era natural, todos sabiam, só eu que demorei um pouco para descobrir sua façanha.
Certo dia meu avô, a noitinha, chegou na cozinha onde estava minha vó e perguntou:
- Anita, você não viu o Norte ?
- Não, por quê, ele não voltou lá do Orozimbo?
- Não, costuma estar sempre aqui a esta hora, deitado lá na porta da sala, na varanda.
Ficamos todos ansiosos e ficamos a espera que no dia seguinte encontrássemos na porta abanando seu rabo.
A noite passou e logo pela manhã, com a chegada do retireiro veio a notícia.
- Madrinha Anita, o Zé encontrou o Norte morto lá na porteira, debaixo o velho Ipê.
A tristeza foi geral. Mas como morreu, o que lhe acontecera?
Meu avô logo veio com a resposta.
_ Anita, o Norte foi mordido por um cascavel, vi as marcas no pescoço dele.
Certamente ao passar lá pelas bandas do Morro da Onça deparou-se com um Cascavel, apesar de ter lutado mal deu para chegar até aqui.
Estava ele lá ao lado do Ipê, na porteira estirado no chão - morto. Inchado e no pescoço estava a marca indelével das presas da serpente.
Ele se foi, mas a sua lembrança paira até hoje em minha memória!

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CORUJA

CORUJA
Meu elemento xamânico.