Na mesma praça que hoje abriga a Velha e a Nova Matriz brincou a geração de meu pai e a minha.
Durante a semana brincávamos afoitos na parte que ia da Velha Matriz a Caixa D'Água. Havia um parquinho público, com balanços, escorregadores, gangorras e gaiolas onde nos divertíamos muito. Brincava mais com meus primos, primas e alguns amiguinhos que encontrava quando estava na cidade.
Mas por ora vou me ater a apenas alguns fatos marcantes que fixaram em minha memória.
Quando nos preparávamos para ir para a cidade nos finais de semana minha vó falava:
- menino, pega umas laranjas, peras, maçãs para você vender na cidade e ganhar algum dinheiro para você comprar picolés, e ir ao cinema...
Seguindo a orientação de minha vó, preparava uma cesta com lindas frutas e colocava no Jipe.
Chegando a cidade ia (meio sem jeito) de casa em casa oferecendo as frutas que eu apanhara. Normalmente eu as vendia logo e arrecadava algum dinheiro para meu final de semana.
Certa vez após percorrer algumas casas, parei na praça para descansar um pouco e fiquei a olhar alguns garotos que brincavam quando um deles aproximou-se de mim e furtou uma maçã de minha cesta sem pagar saindo correndo.
Senti-me indefeso, pois ele era maior que eu e ainda estava acompanhado de outros colegas.
Olhei num banco da praça e vi um jovem fardado, sabia, era um soldado. Corri em sua direção e falei do ocorrido. Mostrei o garoto que ainda comia a maçã furtada.
_ menino, não sou daqui, nada posso fazer - respondeu-me o jovem soldado com ar de desinteresse.
Desapontado, fui para casa levando o restante das frutas interrompendo a venda.
Ah da Velha Matriz muitas lembranças das Semana Santas, das Procissões, do Catecismo, dos padres holandeses...
Quando entrava com meus pais nas festas em que as crianças se vestiam de anjos, eu... passando diante da escadaria, na lateral interna da igreja, olhava aquelas criaturas...imaginava que fosse realmente anjos em carne e osso... só alguns anos mais tarde eu percebi que se tratava de crianças vestidas de anjos prontas para uma representação.
O casamento da Tia Gabriela foi marcante, aquela festa toda... depois a entrada dos noivos naquele carro preto, brilhando... era acho que o primeiro casamento que eu assistia, fiquei maravilhado!
Em 1954, na tarde de 24 de agosto... estava eu, minha mãe e minha avó passando diante da Velha Matriz, quando a tia Ritinha, (cunhada da minha Avó) interrompeu nossa caminhada chamando:
- (tia Ritinha) Anita ! Olha, deu no rádio agora mataram Getúlio Vargas.
- (vó Anita) Nossa, como foi isso?
- (mamãe) Nossa, meu Deus!
- (tia Ritinha) é... ainda não sabem como tudo aconteceu, acabaram de encontrá-lo morto com um tiro.
24 de agosto de 1954 (morte de Getúlio Vargas)
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Eu, com meus quatro anos de idade ... tive uma verdadeira reviravolta em minha cabeça e o medo tomou conta de meus pensamentos.
Eu não sabia, não entendia bem... pensava que o crime havia sido cometido ali mesmo na cidade, dai o medo que tomou conta de mim naquela tarde e a imaginação tomou asas...
Mas o tempo passou... mais tarde entendi aquele momento na Praça quando soube da morte de Getúlio Vargas.
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Creio que do Planalto que abriga esta grande área verde onde se localiza a Velha e a Nova Matriz é que se originou o nome da cidade, quando a senhora portuguesa, chamada Catarina Parreira chegou exclamou:- Ah que campos belos !!!Dai veio mais tarde o nome de Campo Belo.Se quiser saber um pouco da história pode ver documento sobre a Origem de Campo Belo segundo o estoriador Edson Ribeiro.
A MAIOR PRAÇA DO MUNDO
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